quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Filo Protozoa

Protozoários
 Durante muito tempo os Protozoários foram classificados no reino Animal, pois se assemelham a estes quanto à organização celular (eucarionte) e tipo de nutrição (heterotrófica), mas pelo fato de serem unicelulares são modernamente classificados no reino Protista, juntamente com as algas unicelulares. Por conveniência didática estudaremos este filo juntamente com os filos que formam o reino animal.
 Características gerais:
 Os protozoários são organismos unicelulares, eucariontes, heterótrofos e geralmente microscópicos, podendo viver isoladamente ou se associar formando colônias.
 Classificação:
 Os protozoários são divididos em quatro classes: Sarcodina, Flagellata, Ciliata e Sporozoa. O critério usado para essa classificação é a estrutura de locomoção.

 Habitat:
 A maioria das espécies é de Vida livre, podendo ser encontrados na água doce ou salgada e até no lodo ou terra úmida. Podemos citar como exemplo o Paramecium (paramécio) que é comum em lagos ou poças de água doce.
 Os protozoários de água doce apresentam uma vesícula transparente denominada vacúolo pulsátil ou contrátil, cuja função é a regulação osmótica. Como o citoplasma da célula é mais concentrado que o meio líquido, onde ela se encontra, ocorre uma constante entrada de água na célula por osmose (passagem de moléculas de água de uma solução menos concentrada para outra solução mais concentrada). O vacúolo contrátil então recolhe e elimina ativamente o excesso de água, impedindo que a célula estoure.

 Outras espécies vivem no interior de um outro organismo, denominado hospedeiro, podendo neste caso ocorrer duas situações diferentes:
  • O protozoário é um parasita, vivendo às custas do hospedeiro, causando-lhe doença. É o caso do Plasmodium (plasmódio) que causa a malária no homem, doença que estudaremos com detalhes. 
  • O protozoário mantém relações de interdependência com o hospedeiro, com o qual troca benefícios, configurando uma interação denominada mutualismo. Um exemplo para este caso é o protozoário Triconynpha, que vive no intestino do cupim, digerindo a celulose dos vegetais consumidos pelo inseto, transformando-a em glicose, que tanto o protozoário quanto o cupim, utilizam como fonte de energia. Isto é fundamental para a sobrevivência do cupim, já que este não possui a celulase, enzima necessária para digerir a celulose. Sendo assim, percebemos que a atuação da Triconynpha é fundamental para a sobrevivência do cupim e ao mesmo tempo o cupim favorece o protozoário.
 Reprodução:
 Reprodução Assexuada: tipo de reprodução que não depende de gametas, e é realizada por apenas um indivíduo, os descendentes formados são todos geneticamente idênticos.Os protozoários podem se reproduzir assexuadamente por dois processos: 
  • Cissiparidade (Divisão Binária): a célula cresce até um determinado tamanho, quando então se divide ao meio, originando dois novos indivíduos.

  • Divisão Múltipla (Esporulação): o núcleo celular se multiplica várias vezes e ao final de cada um acaba formando uma pequena célula.

Esporulação em um esporozoário parasita.
 Reprodução Sexuada: tipo de reprodução em que ocorre mistura de material genético de dois indivíduos para formar descendentes. A reprodução sexuada dos protozoários é tipo Conjugação. Neste caso dois indivíduos estabelecem um ponte citoplasmática, através da qual trocam materiais genéticos, no final do processo os conjugantes se separam e sofrem cissiparidade.
Conjugação em um protozoário.
Protozooses
 Amebíase:
 A amebíase também chamada disenteria amebiana, é causada pelo protozoário sarcodíneo Entamoeba hístolytica, chamado popularmente de ameba. As amebas vivem no intestino causando lesões de difícil cicatrização, provocando fortes diarreias.
 O contágio ocorre através da ingestão de água ou alimentos contaminados por cistos de E. histolytica. O cisto é dotado de uma espessa parede e pode sobreviver por muito tempo fora do intestino do hospedeiro. Uma vez na cavidade intestinal, a sua parede se rompe, liberando quatro pequenas amebas. As amebas invadem a parede intestinal, onde se alimentam principalmente de sangue (sendo portanto, hematófagos) e se reproduzem, gerando amebas que vão continuar parasitando o intestino (trofozoíto) e amebas encistadas (cistos). Os cistos serão eliminados com as fezes e, uma vez na água poderão contaminar outras pessoas. Eventualmente os trofozoítos podem, através da corrente sanguínea, atingir e lesionar outros órgãos como pulmões, fígado e cérebro, trazendo graves consequências.

  • Profilaxia (prevenção): para se combater a amebíase, deve-se adotar medidas de saneamento básico, tais como: coleta e tratamento do esgoto a Ser lançado no mar, rios ou lagos, construção de fossas e o tratamento da água a ser distribuída a população. Deve-se também ferver ou filtrar a água a ser bebida e lavar muito bem os alimentos consumidos crus, além de um maior cuidado na higiene pessoal.
 Doença de Chagas (Tripanossomíase):
 A doença de Chagas é causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi (tripanossomo). A contaminação de uma pessoa se dá através de insetos hematófagos (seres que se alimentam de sangue), conhecidos popularmente como barbeiros, chupanças ou percevejos, sendo que a espécie mais comum é o do Triatoma infestans.
 O barbeiro se contamina ao sugar o sangue de pessoas ou animais silvestres contaminados, principalmente o tatu e outros animais silvestres, em cujas tocas o barbeiro se esconde. Estes animais se constituem em reservatórios naturais dos protozoários, dificultando o combate à doença.
 Os barbeiros são insetos de mata e noturnos, encontrados nas casas da zona rural, feitas de pau-a-pique e barro, condições ideais para se esconder de dia e sair de noite para se alimentar de sangue. Após picar uma pessoa, geralmente no rosto (daí o nome barbeiro), o inseto defeca. Se o barbeiro estiver contaminado, ele elimina protozoários juntamente com as fezes, já que nele o tripanossomo é um parasita intestinal.
 O local da picada permanece aberto por algum tempo, devido à presença de uma substância anticoagulante na saliva do inseto (ele precisa impedir a coagulação do sangue para poder se alimentar). Ao coçar este local a própria pessoa se contamina com os protozoários, que penetram através do ferimento e por meio da corrente sanguínea atingem diversos tecidos e órgãos.
 Um dos órgãos mais atingidos é o coração. A presença dos parasitas provoca inchaço e lesões que prejudicam e comprometem o seu funcionamento, podendo levar à morte.

  • Profilaxia: Apesar das pesquisas, não há cura ou tratamento eficientes para a doença de Chagas. São necessárias e fundamentais, portanto, medidas preventivas para evitar sua disseminação. Isto se torna ainda mais importante, pelo fato desta doença ser endêmica, em todo o nordeste brasileiro e também no norte de Minas Gerais. A principal providência a ser tomada, evidentemente, é o combate ao barbeiro para se evitar a picada. Como o inseto se aloja nas casas de barro, a construção de casas de alvenaria seria extremamente importante, além do uso de inseticidas e telas em janelas e portas. Não podemos esquecer que a transfusão sanguínea pode transmitir a doença de uma pessoa para outra, portanto deve haver um rigoroso controle de doadores e do sangue utilizado nos bancos de sangue. Infelizmente, em virtude da falta de informações da população rural, recursos financeiros para a saúde pública e vontade política, a doença de Chagas continua matando milhares de pessoas no Brasil e em outros países pobres do mundo.
 Malária:
 A malária, também chamada impaludismo ou maleita é causada por protozoários esporozoários do gênero Plasmodium (plasmódio).Os plasmódios causadores da malária, penetram no corpo humano através da picada de fêmeas dos mosquitos (pernilongos) do gênero Anopheles.
 Quando o mosquito pica, injeta no homem uma secreção salivar que contém um anticoagulante (mesmo caso do barbeiro) que acaba sendo o veículo para os protozoários atingirem a corrente sanguínea. Estes protozoários estavam alojados nas glândulas salivares do mosquito e tem a forma alongada e são denominados esporozoítos. Pela circulação, eles acabam chegando ao fígado onde após aproximadamente 21 dias se reproduzem, produzindo formas arredondadas chamadas trofozoítos.
 Os trofozoítos saem do fígado e invadem as hemácias do sangue. Dentro delas, cada trofozoíto passa por um processo assexuado de reprodução (esporulação), originando novas formas arredondadas que recebem o nome de merozoítos. As hemácias afetadas se rompem, liberando os merozoítos na corrente sanguínea.
 Cada merozoíto pode atacar outra hemácia, onde se desenvolve e se reproduz por esporulação, liberando novos merozoítos. A duração desse ciclo merozoíto hemácia-merozoíto, varia de acordo com a espécie de plasmódio. No Plasmodium vivax, por exemplo, dura 48 horas.


 A malária se caracteriza por picos de febre alta (39º ou 40º). Esta febre é consequência de toxinas produzidas pelos merozoítos, que são liberadas quando rompem as hemácias que estão parasitando.
 No interior das hemácias alguns merozoítos se transformam em gametócitos, masculinos ou femininos, que vão contaminar um mosquito transmissor, quando este picar uma pessoa contaminada. No estômago do mosquito os gametócitos se transformam em gametas masculinos e femininos que fazem fecundação resultando em um zigoto que penetra na parede estomacal, onde se instala e se desenvolve em um ovocisto (um zigoto encistado), dentro do qual ocorre esporulação, produzindo esporozoítos que migrarão para as glândulas salivares do mosquito reiniciando o ciclo.

  • Profilaxia: Ainda não existe uma vacina eficiente contra o plasmódio. O tratamento pode ser feito com um medicamento a base de quinino, árvore típica do cerrado brasileiro, que destrói os protozoários presentes nas células do sangue, mas nada faz aos alojados no fígado, de tal modo que os parasitas podem voltar a atacar hemácias, fazendo retornar os sintomas da doença. O uso contínuo do quinino tem feito surgir, por seleção genética, variedades resistentes ao medicamento, tornando-o menos eficiente.
 A prevenção consiste em combater a proliferação do mosquito transmissor e impedir sua picada e isso pode ser conseguido com as seguintes medidas: aterro de lagoas e poças, que servem de criadouro para as larvas do mosquito, aplicação de inseticidas e proteção de portas e janelas com tela e utilização de cortinados de filó sobre camas e redes de dormir. 
 A malária é uma doença endêmica em várias regiões do mundo, inclusive o norte do Brasil, sendo uma das enfermidades que mais mata no planeta, infelizmente os custos necessários para a sua erradicação são muito elevados, como os países afetados são os mais pobres, este problema deverá permanecer por muito tempo.
 Úlcera de Bauru:
 Esta doença também conhecida como Leishmaniose cutânea é causada pelo protozoário flagelado, Leishmania brasiliensis e transmitida pelo mosquito-palha também chamado birigui, que pertence ao gênero Phlebotomus.
 O inseto se contamina ao sugar o sangue de pessoas doentes. Ao picar uma pessoa sadia, o mosquito injeta sua secreção salivar com anticoagulante e, com ela, os protozoários. Pela corrente sanguínea as leishmanias atingem a pele e mucosas, causando lesões que podem ser muito graves.

  • Profilaxia: A leishmaniose chega a ser endêmica em vários pontos da região norte e ocasionalmente se verifica casos no interior e litoral do estado de São Paulo. Para sua prevenção já existe uma vacina eficiente e além disso deve ser feito o combate ao mosquito transmissor nos mesmos moldes da malária.
 Toxoplasmose:
 A toxoplasmose é causada pelo esporozoário, Toxoplasma gondii. Normalmente a doença se desenvolve de forma benigna, sem manifestar sintomas ou deixar sequelas no organismo. Em mulheres grávidas, porém, o protozoário pode atingir, através da placenta, o feto, acarretando-lhe má formação, tendo como consequências: deficiência mental, cegueira e podendo até mesmo levar a morte.
 A transmissão se dá pelo contato, por fezes, saliva ou urina de animais domésticos como o cão e principalmente o gato (costuma “invadir” mais a intimidade da casa). O contágio pode ocorrer também através do leite e carne contaminados durante a industrialização e até mesmo por relações sexuais.





Nenhum comentário: