quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Poríferos e Celenterados

Filo Porífera
 Os poríferos, também denominados esponjas, são assim chamados por apresentarem grande quantidade de poros em sua parede corporal. São animais fixos e que não apresentam reações visíveis a estímulos e por isso durante muito tempo foram classificados pelos biólogos como vegetais. Além disso, são extremamente simples e apesar de pluricelulares não desenvolveram órgãos ou sistemas, estando portanto, fundamentados ao nível de tecidos. Vivem, normalmente, unidos uns aos outros, formando colônias, o que facilita a sua sobrevivência. Por não apresentarem órgãos ou sistemas alguns autores classificam os poríferos em um sub-reino do reino animal, o sub-reino Parazoa.

 Habitat:
 As esponjas são animais de vida livre e encontrados exclusivamente em ambientes de água doce (rios e lagos de água limpa) e no mar, em águas costeiras, quentes e rasas. Vivem submersos e aderidos a substratos, tais como, madeira, pedra, conchas, recifes, etc.
 Organização Corporal:
 As esponjas mais simples lembram um vaso, cuja base está aderida a um substrato. A extremidade oposta à base e portanto livre, apresenta um orifício denominado ósculo. A parede do corpo delimita uma cavidade interna denominada átrio ou espongiocela.
 A parede corporal é formada por diversos tipos celulares.

 Quanto à estrutura corporal, as esponjas podem ser de três tipos: áscon, sycon e lêucon.
 O tipo áscon apresenta parede fina, perfurada por poros que atingem diretamente o átrio, que é, totalmente revestido por coanócitos.
 O tipo sycon tem parede um pouco mais espessa e apresenta canais forrados de coanócitos, que desembocam no átrio.
 O tipo lêucon, o mais complexo, apresenta parede bastante espessa onde se encontram câmaras forradas de coanócitos, denominadas câmara vibráteis, que se comunicam com o átrio através de pequenos canais.

 Sustentação:
 As esponjas mantém sua forma corporal por intermédio de dois tipos de esqueletos:

  • Orgânico: constituído por uma rede de fibras proteicas, feitas se um proteína denominada espongina, fabricadas por amebócitos. 
  • Mineral: formadas por estruturas de formas variadas denominadas espículas (espículas são fabricadas por amebócitos), que podem ser de dois tipos:

  1. Silicosas: formadas por sílica H2Si3O7.
  2. Calcárias: formadas por carbonato de cálcio CaCO3.
 Trocas Gasosas:
 Feitas por difusão, individualmente, por todas as células que tenham contato com a água, principalmente pinacócitos e coanócitos.


                                                              
 Nutrição: 
 As esponjas conseguem o seu alimento filtrando a água que fica ao seu redor. Isso é conseguido com o batimento contínuo dos flagelos dos coanócitos, que como sabemos revestem a superfície atrial, este movimento força a saída de água através do ósculo, e consequentemente, faz com que a água ao redor da esponja seja sugada e penetre pelo poros dos porócitos.
 Juntamente com água, chegam as partículas alimentares, além do oxigênio. As partículas alimentares que são algas e protozoários planctônicos, são capturadas e digeridas pelos coanócitos, portanto a digestão das esponjas é intracelular. Os nutrientes excedentes são difundidos para as outras células do corpo podendo ser transportados por amebócitos. Os resíduos da digestão são lançados no átrio e eliminados através do ósculo juntamente com a água que sai.
 As esponjas não apresentam sistemas digestório, respiratório, excretor, nervoso ou muscular e apesar disto são muito bem sucedidas, pois mesmo sendo um dos primeiros grupos animais a surgir na Terra são abundantes até hoje.
 Reprodução: 
 Assexuada:
 As esponjas podem se reproduzir assexuadamente por três processos diferentes:
  • Brotamento: formam-se por divisão celular, na superfície da esponja mãe, expansões ou brotos, que se desenvolvem tornando-se adultos, que podem se separar ou continuar ligados a esponja que lhe deu origem, formando nesse caso colônias.

  • Fragmentação: devido a elevada capacidade de regeneração, consequência de sua extrema simplicidade corporal, fragmentos eventualmente separados de um indivíduo podem originar novas esponjas.


  • Gemulação: esponjas de água doce podem produzir gêmulas, que são pequenas estruturas constituídas por um envoltório resistente dotado de espículas, que abriga um conjunto de amebócitos. As gêmulas podem resistir ao período de seca prolongada, em que os rios ou lagos que as esponjas vivem secam totalmente matando os adultos. Quando as condições se tornam favoráveis, os amebócitos se libertam e originam novas esponjas.

 Sexuada:
 As esponjas podem realizar fecundação apesar de não apresentarem gônadas (órgãos produtores de gametas). Para tanto, amebócitos podem se transformar em óvulos ou espermatozoides. Algumas espécies são monoicas (hermafroditas), isto é, são capazes de produzir tanto gametas masculinos como femininos, outras são dioicas, ou seja, algumas esponjas produzem gametas masculinos e outras produzem gametas femininos.
 Os espermatozoides de uma esponja são liberados na água e nadam ativamente para o interior do átrio de outra esponja, onde penetram na parede do corpo e fecundam os óvulos ali presentes. O zigoto assim formado sofre mitoses consecutivas originando uma larva, denominada anfiblástula.
 A larva anfiblástula liberta-se da parede do corpo e atinge o exterior através do ósculo e após nadar durante algum tempo fixa-se em um substrato, onde acaba se desenvolvendo em uma nova esponja.
 Por apresentarem um estágio larval que tem que se transformar em adulto, diz-se que os poríferos apresentam desenvolvimento indireto.
Filo Coelenterata ou Cnidaria
 Os celenterados também chamados de cnidários (celenterados), são bastante simples em sua estrutura corporal, sendo porém, o primeiro grupo de animais a apresentar cavidade digestiva (fato que inspirou o nome Celenterada), gônadas, sistema nervoso e células musculares. Estas conquistas evolutivas tornam o filo dos celenterados um grupo extremamente importante na filogenia (história evolutiva das espécies) animal.
 Os representantes mais conhecidos desse filo são as águas-vivas, animais marinhos que são bem conhecidos porque podem, acidentalmente, causar queimaduras na pele de banhistas, devido a uma substância urticante que são defesa e caça.
Água-viva

Recife de Corais
 Habitat:
 São animais exclusivamente aquáticos, sendo que a maioria vivo no mar, e algumas espécies vivem em lagos e rios de água doce e limpa.
 Organização corporal:
 Os cnidários são animais polimórficos, podendo se apresentar sob duas formas básicas: pólipos e medusas.
 A forma polipoide ou pólipo, é cilíndrica e fixa, por uma das extremidades, ao substrato. A outra extremidade é livre e apresenta a boca rodeada por tentáculos.
 A forma medusoide ou medusa lembra um guarda-chuva, tendo a boca situada no local correspondente ao cabo, sendo também rodeada por tentáculos.

 Ambas as formas apresentam simetria radial, ou seja, qualquer corte feito no animal, que coincida com os raios de uma circunferência na qual o animal estaria imaginariamente circunscrito, nos fornece duas metades simétricas.
 Em ambas as formas encontramos duas camadas de tecidos: a epiderme, que reveste externamente o animal e a endoderme, que reveste a cavidade digestiva, também denominada cavidade gastrovascular.
 Entre a epiderme e a gastroderme situa-se a mesogléia, uma camada gelatinosa que sustenta o corpo do cnidário, constituindo um esqueleto elástico e flexível.
 Tanto a epiderme quanto a endoderme apresentam vários tipos celulares.
Tipos celulares de um Celenterado.
Tipos celulares de um Celenterado.

 Classificação: 
  • Classe Hydrozoa: nos hidrozoários encontramos espécies onde há apenas pólipos, como as espécies do gênero Hydra, que vivem em água doce. Existem hidrozoários coloniais como a Physalia, também conhecidos como caravela, marinhos e muito perigosas pela gravidade das queimaduras que podem causar. Outras espécies apresentam pólipos e medusas como o gênero Obelia.
Physalia, caravela-portuguesa


  • Classe Scyphozoa: nos cifozoários estão espécies que apresentam pólipos e medusas, por exemplo, o gênero Aurelia.

Scyphozoa, Aurelia


  • Classe Anthozoa: nos antozoários encontramos espécies que apresentam apenas pólipos. Os mais conhecidos são ao anêmonas e os corais. Este últimos apresentam um esqueleto calcário que formam os recifes.


 Trocas gasosas:
 Executadas por todas as células presentes na epidermes e gastroderme, não existindo portanto um sistema especializado.
 Nutrição:
 Os cnidários são carnívoros e se alimentam de diversos tipos de animais: crustáceos adultos, larvas de diversos tipos e até pequenos peixes. Essas presas são capturadas pelos tentáculos onde estão concentrados os cnidoblastos. Estas células, apresentam em seu interior uma cápsula ovoide, denominada nematocisto, que produz e armazena um líquido tóxico e urticante. O nematocisto se prolonga por um logo tubo, o filamento urticante que fica enrolado no interior do nematocisto.
 Na parte externa do cnidoblasto existe uma expansão chamada cnidocílio, que ao sofrer um estímulo mecânico, o toque de um presa, funciona como um gatilho disparando para o exterior o nematocisto que através de poros ou espinhos liberam o líquido urticante, queimando ou matando a presa, que através dos tentáculos é levada à boca, onde é ingerida chegando a cavidade digestiva.
 As enzimas lançadas na cavidade gastrovascular iniciam a digestão extracelular do alimento. As partículas produzidas vão sendo englobadas pelas células musculares-digestivas onde a digestão se completa. Como podemos observar a digestão nos cnidários é extra e intracelular.
 A cavidade gastrovascular, além de ser o local da digestão, por acompanhar internamente toda a extensão do corpo, permite também a distribuição dos nutrientes compensando a falta de sistema circulatório.
 Os dejetos da digestão permanecem na cavidade gastrovascular e são eliminados pela boca, devido à ausência do ânus, o que caracteriza um tubo digestivo incompleto, que tem a desvantagem de permitir o encontro de dejetos e nutrientes. Não podemos esquecer que os celenterados são ps primeiros animais a apresentar uma cavidade digestiva.

 Sistema nervoso:  Os cnidários são os primeiros animais a apresentar um sistema nervoso, que é do tipo difuso, ou seja, é constituído por uma rede de neurônios espalhados por todo o corpo.
 Estes neurônios se comunicam com os outros tipos celulares, principalmente as células musculares, o que permite movimentos coordenados e de certa complexidade, como os que as medusas utilizam em sua natação.

Movimentos de natação de uma água viva. O corpo do animal se contrai e expulsa a água, sendo impulsionado para o sentido oposto.

 Excreção:
 Executada pelas células da epiderme e gastroderme, não existindo um sistema especializado.

 Reprodução:  
 Assexuada:
  • Brotamento: por mitose consecutivas forma-se um pequeno broto que cresce e, após algum tempo, forma tentáculos, boca e depois se destaca do genitor, tornando-se independente. Este tipo de reprodução acontece com hidras de água doce e em algumas anêmonas marinhas.



 Sexuada:
  • Fecundação: neste caso os pólipos apresentam testículos ou ovários. Os espermatozoides de um pólipo nadam ativamente até o ovário de outro pólipo onde ocorre fecundação de um óvulo que se desenvolve em um embrião, que se destaca, fixa-se transformando em um novo pólipo. Este tipo de reprodução pode ocorrer em hidras.


  • Alternância de Gerações ou Metagênese: em algumas espécies de celenterados, ocorre um ciclo de vida complexo, onde se alteram gerações de medusas e pólipos. Podemos resumir:





















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